Virando o jogo

Fernando Teixeira
2 min readMar 2, 2021

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O último texto publicado por esta revista (fora a nossa última chamada) recebeu o título de Game Over. Foi a conclusão da edição “Sobre princípios e fins”. Nada mais apropriado para uma retomada, portanto, que um editorial que dê continuidade à metáfora dos jogos — desta vez, por um viés menos pessimista, menos passivo, mais voltado para o futuro próximo e como nós, tanto cidadãos como membros da equipe da Revista Ensaio, pretendemos aventar possibilidades, propor alternativas e apresentar aos leitores novas ideias neste segundo ano de nossa existência.

Nos meses vindouros, continuaremos a alternar temas livres com edições especiais voltadas para pautas específicas. Dentre estas, teremos números voltados à literatura e números voltados a pautas adjacentes à cultura e pertinentes ao mundo de hoje. Falaremos, por exemplo, do papel da internet na ascensão da extrema-direita que hoje comanda o país, tema bastante explorado pela mídia americana, mas pouco abordado pelos grandes veículos brasileiros, uma vez que muitos deles serviram como catalisadores para esse processo, ao darem voz, desde os anos 90, aos desvarios de Olavo de Carvalho e, posteriormente, aos seus “alunos”.

Nós, da Ensaio, que não dispomos nem de verba e nem de patrocínio, estamos em uma posição verdadeiramente privilegiada: devemos satisfações apenas às nossas consciências e aos nossos leitores. Somos parciais apenas aos nossos princípios.

Cabe-nos, por agora, abordar novas formas de entender o Brasil e o mundo. Permanecemos entrincheirados em casa por conta da pandemia, lidamos diariamente com a inépcia governamental. Mas, para todo princípio, há um meio — e um fim. Enquanto o fim não chega, continuaremos a publicar, a escrever e a produzir textos de qualidade, contando com nossas autoras fixas e colaboradores ocasionais.

Acreditamos que nossa voz, ainda que miúda, possa contribuir para virar o jogo, justamente porque destoamos dos brados da multidão — e acreditamos que é disso que a crítica literária e os ensaios precisam neste momento: de som e e de fúria, prenhes de significado.

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